quarta-feira, abril 14, 2004

Deixa-te Amar

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2. «Vós sois excepcionalmente amada»(3), amada com aquele amor de preferência que o Mestre na terra teve por alguns e que os levou tão longe. Não vos diz Ele, como a Pedro: «Amas-me mais que estes?». Madre, escutai o que Ele vos diz: «Deixa-te amar mais que estes! Quer dizer, sem temer que nenhum obstáculo seja impedimento, porque sou livre de derramar o meu amor em quem me agrada! 'Deixa-te amar mais que estes', é a tua vocação, e é sendo-lhe fiel que me tornarás feliz, porque engrandecerás o poder do meu amor. Amor este que será capaz de refazer o que tiveres desfeito: 'Deixa-te amar mais que estes'».

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Isabel da Trindade, Escritos Espirituais (Deixa-te Amar)

Este Deixa-te Amar, esta carta dirigida à sua Prioresa redigida nos últimos dias de Outubro de 1906, espelha bem a alma de Isabel da Trindade, nascida Isabel Catez em 1880 em Avor (França), contemporânea de Teresa de Lisieux. A inversão da questão colocada por Jesus a Pedro, faz-me sempre reflectir na permuta do sentir, componente inolvidável do amor. Para amar é necessário deixarmo-nos amar. Entregarmo-nos ao Amor. Não exigi-lo, demandá-lo, possuí-lo como mais um objecto, mas entregarmos e mergulharmos o nosso ser nesse Amor. Sem condições... Difícil?... A vida é vivida a administrar a dificuldade.