segunda-feira, julho 24, 2006

A Fé (Tomo III)

(...) Esse movimento da fé de incontáveis desconhecidos através dos séculos, que nortearam as suas vidas à luz dos valores, dos critérios e das atitudes do homem de Nazaré, que aprenderam com ele que eram bem-aventurados os pobres à face de Deus, os que não recorrem a nenhuma violência, os que têm fome e sede de justiça, que são misericordiosos, fazedores de paz e perseguidos pela justiça; os que aprenderam com ele o respeito e a partilha, o perdão e o arrependimento, a indulgência e a benevolência. Ainda hoje mostram que, a partir do momento em que o cristianismo se inspira realmente no seu Cristo e bebe nele a sua força, pode oferecer uma pátria espiritual onde os crentes se sentem em casa, uma morada da esperança e do amor. Não cessam de mostrar, no quotidinao das suas vidas no mundo, que é possível viver valores superiores, normas incondicionais, motivações profundas e ideais preeminentes. Mostram que a profundidade da sua fé em Cristo lhes permite igualmente superar o sofrimento e a culpabilidade, o desespero e a angústia. Não, a fé me Cristo não se reduz à promessa consoladora de um além; ela conduz também a protestar e a opor-se às condições injustas aqui e agora, nutrida e encorajada como é por uma nostalgia indissipável do «absolutamente outro». (...)

O Cristianismo - Essência e História, Hans Küng